“Ouro e prata não tenho”: Ecos da JMJ

Pe. Cristóvão Dworak, CSsR

kdworak@hotmail.com

Ainda estamos sob o impacto da recente peregrinação do Papa Francisco e de milhares de jovens ao Brasil, vindos, literalmente, de todos os recantos do mundo.

Logo no inicio desta viagem ficamos impressionados com as primeiras palavras do Papa Francisco, pronunciadas na Cerimônia de boas-vindas, no Palácio da Guanabara, no Rio de Janeiro. Naquele discurso, o Santo Padre Francisco disse: “Não tenho ouro, nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo. Venho em Seu nome, para alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração; e desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação: ‘A paz de Cristo esteja com vocês’”. 

As primeiras palavras foram tiradas quase textualmente do livro dos Atos dos Apóstolos e ditas pelo Apóstolo Pedro no contexto do episódio da cura de um coxo de nascença (At 3, 1-26). A segunda parte faz referência à maneira da saudação missionária dos discípulos de Jesus: “Nas cidades ou aldeias onde entrardes informai-vos se há alguém ali digno de vos receber; ficai ali até a vossa partida. Entrando numa casa, saudai-a: Paz a esta casa” (Mt 10,11-12).

A expectativa do coxo foi receber naquele dia mais umas moedas de esmola, que em nada mudariam a sua vida ao longo prazo.  No final do dia seria de novo levado para casa, talvez recebendo uma bronca dos próprios familiares por ter ganhado insuficiente para cobrir gastos com a sua invalidez. Continuaria marginalizado, excluído e explorado. Porém, o encontro com os Apóstolos mudou por completo a sua vida. Pedro compartilhou com ele o que ele próprio recebeu, não por “bens perecíveis, como a prata e o ouro” (1Pd 1,18), mas pelo amor de Jesus Cristo, Filho de Deus e Messias que o chamou, perdoou, acolheu e fez renascer para uma viva esperança (1Pd 1,3). “Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho, eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!” (At 3,6). Em seguida o Livro dos Atos dos Apóstolos menciona os efeitos desta maravilhosa cura em nome de Jesus. 

Foram muitas expectativas da visita do Papa Francisco ao Brasil. Mas, o que este Papa argentino e latino-americano poderia trazer ao Brasil, que é quinta economia do mundo e a maior economia da América Latina! Ao Brasil na “sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa”? O que poderia dizer aos católicos do Brasil que aos poucos vão perdendo o privilégio de ser um maior país católico do mundo? O que poderia dizer aos jovens brasileiros inconformados com a corrupção e com o descaso dos três poderes? O que poderia dizer ao Episcopado Brasileiro, que é um dos maiores do mundo? O que poderia dizer aos favelados da Comunidade de Varginha que representou os milhões de excluídos de uma vida digna? O que poderia dizer a classe dirigente do Brasil?  Por fim, o que um papa de mais de setenta anos poderia dizer aos jovens vindos a Aparecida do Norte e ao Rio de Janeiro de todos os recantos do nosso planeta?  

Não é o nosso objetivo responder estas perguntas aqui, neste espaço. Mas, sugiro que você tente fazer este exercício à luz da Palavra de Deus (At 3, 1,26) e dos pronunciamentos do Papa Francisco na JMJ. Você pode fazer isso sozinho, ou em grupo de oração, na catequese, no grupo de jovens, na reunião da Legião de Maria, na reunião da RCC, na reunião dos Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística, no ECC, na reunião das pastorais sociais, etc. Que tal colocar estas perguntas na conversa orante com Jesus na Adoração ao Santíssimo?  Que tal faze-las na próxima reunião do clero ou de agentes de pastorais de sua Diocese?

Termino com um testemunho de uma mãe de Itabuna, cuja filha participou do JMJ. “Minha filha voltou diferente da Jornada. Se desfez de muita coisa. Ele disse que depois de ficar acampada durante uma semana no Rio, percebeu, que para ser feliz não precisa de tanta coisa”.

Por certo, porque “nem ouro, nem a prata” nas suas modernas modalidades são, no fundo, capazes de garantir a verdadeira felicidade. O que faz levantar e andar de verdade é a fé em Jesus Cristo. Nele, você pode confiar. Então, bote fé! 

Itabuna, Ba, Agosto de 2013.